Ah quem pudera abrir-me portas
Sair deste lugar triste e frio
Ir encontrar o caminho que a terra corta
Ou ficar e ver a morte cruel e vil
Mártir do amor, me tornei
O carrasco ameaça-me com minhas mãos
De um sonho eu te arranquei
Para salvar-me de uma morte em vão
O que meus olhos não vêem
E o que tua boca me fala
Tu és tudo o que quero ter
Mas não me deixe abandonada
Aqui neste lugar frio e triste
Ou dizer-me que meu amor tu não viste
Soneto
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My Diary Part.15 - Nostalgia.
As vezes sinto falta da chuva para me resfriar o corpo, ou mesmo do sol para aquecer-me os cabelos. Sinto essa necessidade de saber que tem algo vivo ao meu redor, de saber que alguma energia seja ela qual for, possa me provar que respirar não é simplismente um ato mecanizado. Cadê você? Te procuro em vão entre os espelhos dos olhos de todas as pessoas que passam por mim. Seria crueldade da vida ou sadismo divino? Lembro-me de seu sorriso, de sua voz e de seu olhar. No meu coração não há apenas sangue, há também lembranças de que tu se importa, de que se lembra de mim, de meu sorriso, de minha voz e de meu olhar. Também procura-me por entre espelhos? Ou entre beijos? Sabes muito bem que os abraços são únicos, e mesmo que nunca tenhas me tocado, jamais encontrará os meus em outros. Uma ventania de nostalgia invade minha pele e joga-me para o fundo de minha memória onde me encontro contigo nos vales de sonhos, onde nos tocamos e nos amamos. Canto cada palavra tua, cuidadosamente ensaiada, cuidadosamente entoada, somente para ti. E por ti repito: "Eu sempre vou te amar, pode passar o tempo que for.. eu sempre vou te amar.".
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My Diary Part.14 - Horror e Fantasia.
Bem, não é nenhuma novidade que a tempos não venho escrevendo o que tenho sentido... vai ver foi uma maneira de dizer (e mentir!) a mim mesma que tudo -aparentemente- estava bem. Hoje, (05/11) faz três dias que não durmo à noite, sim, a tarde e as vezes algumas horas do anoitecer eu tenho conseguido adormecer, mas isso não muda o fato de eu passar o dia morrendo de sono. O dia com sono e as noites com músicas tristes ao meu ouvido. Mas por quê? Por quê essa falta de sono, essa única vontade de escutar apenas canções tristes? Pra quem conhece Alphonsus de Guimaraens certamente conhece o seu trabalho mais conhecido, ''Ismália''. No poema, ela enlouquece, vai a uma torre e deseja duas luas, a do céu e a do mar. Eu, como ser humano tenho paixões, e uma delas é a lua... Nestes dias eu sinto que estou numa pequena fase de loucura. Infelizmente me comparo à Ismália, mas queria profundamente que todas as minhas angústias se dissipassem como se dissipou a vida de Ismália no fim do poema.
No sábado, tiraram de mim um pedaço de minha felicidade, a felicidade de saber que nessa vida existe coisas puras e boas que vivem (dentro de instinto, apenas) pra doar e querer, carinho e amor. E é injusto que nós também não queiramos um pouco disto? O egoísmo é tanto que hoje se alguém sofre por uma coisa pequena (não visão deles), o egoísta olha somente para o seu umbigo e diz que o que sentimos é exagero, só porque no fundo quem queria ter a mesma felicidade que se tem quando ama-se algo é ele e não o tem. Querer abraçar um ente querido e dizer que o ama é bom, nos aquece o coração e a alma, mas quem quer fazer isso hoje? Não sou perfeita, não abraço à todos como gostaria, mas temos defeitos, só não sabemos enchergá-los. Porém, tenho essa conciência, e por tê-la, quando erro sei me redimir, ninguém vive só, e quem disse que é bom assim, mente. Porque se não queremos um amor ao lado, queremos amigos e quando não queremos amigos ao menos a família e quem não quer nada disso não passa de um idiota que se ilude, mas que no fundo chora. Chora e grita as palavras "me ame" e "me queira".
Penso que depois de tantos séculos de evoluções o homem só vem regredindo e aumentando sua ignorância. E ainda é capaz de se gabar disso! Achar que tudo e toda a base de sua necessidade está apenas em ganhar poder, sem ver que no fundo precisam um do outro para sobreviver, seja diretamente ou não.
Parte daquilo que posso chamar de tristeza se baseia nisso. Dores pessoais da pessoa que se diz independente de amor, está se excluíndo e excluíndo as pessoas que o mais quer bem. Dói. Sinceramente, tenho vontade de chorar toda vez que ouço-o dizer: "vocês vão sofrer sem mim" ou "vão viver armagurados" e ainda ter a audácia de me impor uma propósta obscena de que "só poderá ir me ver uma vez no mês". É cruel, mas não comigo apenas, porque sei que isso quer dizer justamente o contrário. Isso é o que mais machuca, saber que tudo isso e mais um pouco vai ocorrer com ele. Mas essa hipocrisia e egoísmo me faz não querer esmolas de amor e carinho ou de bens materiais. Dor fracionada é o veneno de realidade que me dou todos os dias. Agora terei mais alguém para me aplicar mais uma agulha. Dizem amigos, "tu és sábia", não penso assim, outras coisas me ocupam a cabeça e os olhos para evitar pensar em mim mesma. Mas penso que carrego o mundo, o céu e o inferno nas costas, e adivinha, os três pesam, o mundo pela realidade que não é das melhores, o céu porque mesmo a felicidade precisa ser cuidada e cultivada como a mais bela das flores, e isso dá trabalho. E o inferno que acredito não precisar explicar. Me contaram que eu sou muito forte pra aguentar, mas quem disse que aguento tanto? Tem dias que seguro com uma força que só Deus sabe de onde vem, mas tem dias que surto, e desse surto me torno Ismália, que enlouquecida vai até a torre, canta, deseja a lua do ceu, e deseja lua do mar. "E como um anjo" com suas asas a bater se pende para ir à lua do céu, sua alma vai, e seu corpo vai à lua do mar.
Minha lua é minha felicidade, o que preciso fazer para tê-la? Acredito que só me resta correr e esperar para descobrir ou quem sabe, me jogar de uma torre.
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Ismália
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Alphonsus de Guimaraens
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